I <3 SP

por Maria Shirts

Por motivos de trabalho tive que ir ao Centro da cidade duas vezes nessa semana. Não costumo ir pra essas bandas com frequência. Ia mesmo nos idos de 2004 pra passear na Galeria do Rock, ou um pouco mais tarde, nas viradas culturais e nas primeiras manifestações – ponto de encontro: Theatro Municipal.

Depois de almoçar com uma amiga num ótimo quilo da Libero Badaró (feinho mas gostosinho, segundo a Esther), fui andando sentindo XV de Novembro, meu destino, mas não sem antes parar para observar a manifestação dos camelôs na frente da Prefeitura e, mais a frente, o trio sincopado tocando Buena Vista Social Club na Praça do Patriarca… “De Alto Cedro voy para Marcané, llego a Cueto voy para Mayarí…”. Suspeito até que o do meio fosse cubano, como os músicos que interpretava.

Depois de resolver as burocracias tinha algum tempo pra matar, já que ia ficar ali direto para assistir ao Balé da Cidade de São Paulo, em cartaz no Municipal. Entrei no café da livraria Martins Fontes, dica das amigas que trabalham na Prefeitura, que fica na frente. Depois de ler quase metade do Grande Gatsby, cansei do ar condicionado e resolvi encarar o forno paulista, os 35 graus das 17h da tarde.

Meio sem rumo, fui na Galeria do Rock reviver a pré-adolescência. Apesar de ter sido um pouco mais frustrante do que eu esperava, é sempre divertido ver as vitrines coloridas, os estudios de tatuagem, os dreadlocks, os skatistas, os pré-adolescentes, as estamparias, a vista do quarto andar.

Ainda sem rumo e com um pouco de fome, fui homenagear o meu pai num dos seus restaurantes preferidos, o Ponto Chic, “o melhor Bauru da cidade”, segundo o slogan. Fica ali no Largo do Paissandú, do lado da Trackers (referência para os habitués da Voodoohop). R$ 12,90 o bauru, honesto, aquele com “queijos fundidos”. Quem conhece sabe.

O sol começou a baixar e eu ainda tinha uma hora de espera. Dei um rolezinho no Shopping Light. Continua simpático, ele. Fui na Renner (ninguém é de ferro), tomei um café, e me toquei de que, apesar de simpático, shopping não tá com nada. Aí fui pras escadarias do Municipal esperar o espetáculo e olhar o cair da tarde central.

Trabalhadores voltavam para as suas casas; o povo no metrô;  os comerciantes, camelôs; o antigo Mapping; os guardas de braços cruzados; os transeuntes no Viaduto do Chá; turistas-paulistas com medinho dos beleléus profetas que continuam a circular… Depois dessa tarde toda, entrei no Theatro com uma única sensação, cafona, mas não menos genuína: I ❤ SP.

 

Cantores interpretam Buena Vista Social Club na Praça do Patriarca

Cantores interpretam Buena Vista Social Club na Praça do Patriarca